30/07/2023

A revolução das espécies

Explicaram-me há tempos

a replicação cega das células, 

as suas eloquentes maneiras,

e mesmo como das estaminais

se  reconfiguram os órgãos, a pele, os olhos.


É fácil acreditar

nas proezas da genética,

mais difícil é sofrer um filho,

e ter de ver tudo, 

quadro a quadro,

estação a estação,

via crucis completa

sem poder gritar:

'Não lhe façam mais mal.

Traguem-me aguardente forte

e obriguem-me a bebê-la, por favor".

3 comentários:

Jaime Portela disse...

Dar de beber à dor...
Excelente poema, com um final surpreendente.
Boa semana, cara amigo Luís.
Um abraço.

Graça Pires disse...

Um poema que é um grito desesperado. O que se pode fazer quando um filho sofre? Que coração materno ou paterno não se desorienta com isso? Recorrer à esperança talvez valha a pena. Ela não se gasta e, como dizem, é a última a morrer.
Uma boa semana, meu Amigo Luís.
Um abraço.

Emília Simões disse...

Boa tarde Luís,
Um poema , um grito, do mais profundo do ser!
Ver sofrer um filho é qualquer coisa que corrói|
Digo como a Graça, a esperança temos que a agarrar e confiar.
Beijinhos e uma boa semana.
Ailime