Explicaram-me há tempos
a replicação cega das células,
as suas eloquentes maneiras,
e mesmo como das estaminais
se reconfiguram os órgãos, a pele, os olhos.
É fácil acreditar
nas proezas da genética,
mais difícil é sofrer um filho,
e ter de ver tudo,
quadro a quadro,
estação a estação,
via crucis completa
sem poder gritar:
'Não lhe façam mais mal.
Traguem-me aguardente forte
e obriguem-me a bebê-la, por favor".
3 comentários:
Dar de beber à dor...
Excelente poema, com um final surpreendente.
Boa semana, cara amigo Luís.
Um abraço.
Um poema que é um grito desesperado. O que se pode fazer quando um filho sofre? Que coração materno ou paterno não se desorienta com isso? Recorrer à esperança talvez valha a pena. Ela não se gasta e, como dizem, é a última a morrer.
Uma boa semana, meu Amigo Luís.
Um abraço.
Boa tarde Luís,
Um poema , um grito, do mais profundo do ser!
Ver sofrer um filho é qualquer coisa que corrói|
Digo como a Graça, a esperança temos que a agarrar e confiar.
Beijinhos e uma boa semana.
Ailime
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