Era manhã. Na árvore, saltitava a toutinegra embolada pelo frio. Os ramos nus, apontados ao céu, pareciam os dedos de uma mão aberta à espera de agarrar a pouca luz. Imaginei aquele momento repetindo-se pelo tempo adentro: imagem atrás de imagem atrás de imagem, replicando-se assim para além da vida de um homem.
Senti-me então redimido ao pressupor que depois de mim ainda ali estariam a árvore e a toutinegra, enfrentando o inverno com pulos singelos e sobretudo que haveria um olhar novo, mais novo que o meu: de uma criança, desejei.
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