29/05/2024

A propósito de Nuno Júdice

Vou lendo os poetas que morrem. Não sei se se trata de uma homenagem inconsciente, de precoce saudade ou do inevitável remorso dos não ter lido em vida.

E se alguns deles não terei perdido grande coisa, de outros fico com a sensação que os deveria ter lido mais cedo, podendo mesmo ter-lhes dado os "Bons dias" se com eles me cruzasse numa rua em Lisboa.

Existe uma literatura indicada para cada idade, para cada estado de espírito: os "Sete" de Enid Blyton, para quando em pequenos sonhamos viver aventuras e resolver mistérios com os nossos imberbes amigos; o "Tarzan dos macacos" do Edgar Rice Burroughs, para quando nos descobrimos afinal sós e despidos na selva entre outras espécies que são afinal todas iguais e a mesma que a nossa.

Depois, fazemos hiperbólicas leituras que ora nos arremessam à estratosfera, ora nos atiram até à escuridão do centro da Terra, onde uma qualquer Eurídice tenha ali ficado à espera de ser resgatada numa tarde de meteorologia instável e pouco promissora.

Neste momento, leio os poemas do Nuno Júdice(1949-2024), como se caminhasse numa manhã fácil por uma avenida cheia de gente com destino e agenda marcada, onde  as pastelarias limpas e bem recheadas se intervalam de 50 em 50 metros. E não consigo explicar a impressão que me fica dos seus poemas melhor do que isto.

Até sempre, professor.


2 comentários:

El Sentir del Poeta disse...

Querido amigo me gusto tu post, voy a buscar obras de Nuno Júdice para conocerlo, gracias por compartir.
Cariños y besos, que tengas un maravilloso día

Poemas del Alma disse...

Querido amigo, bello homenaje a la Poesía, recordando a Poetas que ya no están con nosotros, dejando un legado precioso.
Cariños y besos, que tengas un lindo día.