12/11/2023

Cidade nova

 A cidade nova solta raízes pelo substrato das outras que ali se ergueram. Os habitantes olham antigos retratos, espelhos invertidos, jurando ver neles os seus futuros perdidos, como ramos prontos para arder. 

«O que  fomos e o que somos», dizem os progressistas. 

«O que poderíamos ter sido», dizem na sombra os desiludidos.

 A cidade nova e velha são o mesmo lugar, apenas o tempo mudou. São, porém, coisas diferentes, apesar das semelhanças de algumas esquinas e da forma peculiar que algumas persianas ganham ao fechar.

2 comentários:

Jaime Portela disse...

Tudo vai mudando.
Mas cada um pensa à sua maneira as consequências das mudanças.
Excelente poema, gostei imenso.
Uma ótima semana.
Abraço.

Graça Pires disse...

A semelhança das esquinas e a forma peculiar do fechar das persianas tornam as cidades semelhantes apesar das diferenças e do que pensam os moradores. Um espaço partilhado por todos, com alegrias, dramas pessoais, festas íntimas, rostos em sobressalto, futuros perdidos, fadigas e coragem. Pelas fachadas das casas se adivinham os sonhos de quem as habita?
Tudo de bom meu Amigo Luís.
Uma semana excelente.
Um beijo.