Morreu Louise Glück, poeta norte-americana. Tinha 80 anos. Foi Nobel da Literatura 2020.
Confesso que não consigo ganhar grande intimidade com poesia traduzida ou em inglês.
O seu poema, abaixo transcrito, foi extraído do livro "Averno" (Averno é o lugar por onde se desce ao reino dos mortos).
Revi-me no poema: sinto também uma guerra entre o corpo e alma, onde o primeiro tem levado a melhor. Não sei se é uma sensação de âmbito pessoal ou social. Provavelmente ambos.
Tentei colocar aqui apenas um excerto, mas este poema é um organismo vivo. Se lhe tiras um órgão, morre. Por isso meto o "animal" inteiro.
«LAGO NA CRATERA» - Louise Glück
Houve uma guerra entre o bem e o mal.
Decidimos que o corpo era o bem.
Isso fez da morte o mal.
E virou a alma
Inteiramente contra a morte.
Como um soldado raso desejoso
de servir um poderoso guerreiro, a alma desejou aliar-se ao corpo.
Virou-se contra as trevas,
contra as formas de morte que reconhecia.
De onde provém a voz
que diz: e se guerra for o mal? que diz:
e se foi o corpo que nos fez isto,
nos deixou com medo do amor?
.
.
Louise Glück in "Averno" / Trad. Inês Dias
1 comentário:
Confesso que pouco li desta grande poeta.
Mas este poema é uma amostra do seu talento poético.
Obrigado pela partilha.
Um abraço e boa semana.
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