Está um gato ao sol
defronte da campina.
Que saberá ele de astronomia
para além do que o aquece?
E do silêncio, senão a ausência
do vento nas folhas da oliveira?
E de botânica,
mais do que o odor dos malmequeres
quando em março florescem?
Agora lambe-se pata a pata
como se uma tocadora de harpa fosse.
Sem pauta,
dedilha com a humidade certa
a sua sonata favorita para piano e prazer.
Ao meio-dia,
transparece na sombra,
fecha olhos
e tudo o que aprendeu esquece.
2 comentários:
Um poema diferente, em que o gato é o principal personagem.
Excelente, gostei imenso.
Boa semana, caro amigo Luís.
Um abraço.
O gato é o pretexto para o seu diálogo com o mundo e com tudo o que o cerca. Por isso, mesmo que aparentemente não saiba nada, pode saber de astronomia, de botânica, de silêncio, de música. Porque é assim a poesia. Todos podem ser tudo ao mesmo tempo. Mesmo não tendo nada, qualquer coisa transforma em realidade o que imaginamos.
Mas também posso ver o gato a dormir depois de se lamber pata a pata.
Um poema belíssimo, meu Amigo Luís.
Desejo que esteja bem.
Uma boa semana.
Um abraço.
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