"O entendimento, a virtude e o peito,
Farão falar de mim eternamente,
Que enquanto houver um verso, um só sujeito,
Deixará leitor alma tão contente"
Luís Vaz de Camões
Agora, e só agora percebo a vossa voz quebradiça,
essa ganância que tendes pela atenção dos outros.
É natural que, ao pedir esmola, mostreis as vossas pústulas,
e úlceras gangrenadas.
A razão tem-na sempre os belos e fortes.
Vós, ó poetas, se razões tiverdes são intangíveis,
monstros inventados na vossa premonição cruel.
E sem deslumbrar a saída do labirinto,
nem sequer o fio que vos leve à felicidade,
cantais, como fazem os cegos, um canto estranho,
estreito, sinuoso;
a cabeça balouçando a compasso,
à espera que o tilintar de uma moeda
possa derreter o gelado feitiço.
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