Os textos de Tolentino Mendonça são vitrais de sabedoria. A luz trespassa-os. E o leitor apenas tem de contemplar, no meio da catedral, esses feixes coloridos.
Envolventes e convincentes, os seus micro-ensaios têm uma musicalidade retórica; juntos, são um longo sermão, dividido em excertos digestivos, decidido a ressoar numa câmara despejada da tralha que acumulamos.
Em "A mística do instante", Tolentino reforça o argumento de Deus imanente, ou seja, Deus presente em todas as coisas. Apela-nos por isso a usar os cinco sentidos. No ponto em que eles convergem, encontramos a mística, a misteriosa relação entre tudo.
A proposta do livro não é a mística dos eruditos, dos eleitos para entender o que poucos podem.
É antes uma reflexão democrática, acessível a todos e a todos entregue como um dom.
"A mística do instante" torna-se assim um manual, ao acreditarmos que a filosofia ou a teologia tem como objectivo ajudar-nos a viver melhor
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