Aperto contra o peito
a asfixia de um futuro incerto.
Lá, no fundo do céu,
talvez aquela estrela cintilante,
já não exista.
Porque o caminho da luz é mais lento
que o da morte.
O vento lá fora canta
e cá dentro não sabemos o que diz.
A lenha que nos acalentava a noite
queimou-se toda.
Visto-me a rigor com as cinzas.
O vento tudo cala.
Sabe decerto o segredo.
Tenho medo do detalhe, do minuto seguinte,
de uma voz produzida por um eco
que ressoa há meses na cozinha.
O lobo e o capuchino levaram-me as lãs.
Podia ainda dividir o átomo
e aquecer-me então com o calor da fissão,
como Prometeu o fez.
Mas prefiro apertá-lo contra o peito
e descaradamente dizer que me comprometo
com os negligentes deuses do Olimpo.
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