21/12/2022

Ainda não nasceu o poema que mereces

 Saem-me sempre tão mal os poemas, quando os escrevo com as lágrimas nos olhos.

 Olho o teu retrato. E, com a velocidade de um cometa, sou atirado às cordas do ringue. O tempo, agora com luvas de boxe,  esfacela-me as fuças. Eras linda. Ainda és. Trazias naquele olhar todos os rios,  cheias alagando campos de trigo desenhados por oliveiras,  o rumorejar das águas correntes quando dedilham as pedras.

Tinhas uma graça infinita, um andar próprio, uma indumentária feita a régua e esquadro pela tua avozinha. 

Podia continuar a tentar, não posso, porém, explicar o inexplicável. Fico com pena que assim seja. Tenho esperança que, no hemisfério direito do cérebro, as redes neuronais  se moldem um dia para que eu possa escrever o poema que tu tanto mereces.

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