10/11/2021

A jarra

A minha avó velhinha. Era assim que eu a conhecia. Sentada num banco à entrada da porta, curvada, olhando o céu no reflexo das pedras da calçada. Em vez de um jardim, tinha uma jarra na mesinha do hall. Sempre que eu lhe dava uma flor, ela fazia-me um verso. A flor ia para a jarra. As flores são efémeras: amarelecem, murcham e por fim desaparecem. Os versos não, esses escondi-os todos no coração.


Desenho de Liliana Pereira






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