"Preciso deste silêncio", pensei. Porquê este e não outro?
Os silêncios deviam ser todos iguais, mas não são.
Há o silêncio das trincheiras, precário, sujeito à vontade da artilharia, da nossa ou dos outros. Esse apenas dura o suficiente para recuperar da agitação que o troar dos canhões far-nos-á de novo sentir; assemelha-se à golfada de ar que o mergulhador vem receber à superfície antes de voltar a afundar-se nas águas turvas.
O silêncio da serra é diferente: faz parte dela; é a ausência que torna o restante mais presente.
Conhecem aquelas pessoas que através do olhar sabemos que falam verdade? Este silêncio é assim também; não sabe enganar; porque nos olha defronte nos olhos e isso basta para nos fazer acreditar nele.
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