18/07/2021

Os lábios dos sinos

Vêm-me ao pensamento os aflitos. Amanhã serei um deles. Nada mais certo. Entendo-lhes o desespero. Rezo por eles, por mim, à virgem mãe: eterna, humilde, libertadora. 

Os sinos ao longe respondem às  minhas orações. O som vem disperso pelo vento. Apenas ouvidos treinados o podem traduzir.  Não serão os meus que não mereço tal graça, que não nasci com tal dom. 

Ainda assim quase que os entendo como aqueles surdos-mudos que leem as palavras nos lábios dos outros, sussurrando: "Assim será,   assim será".

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