Uma aldeia é uma fábula de La Fontaine. A vida dos humanos e dos animais cruza-se com frequência. Porque tudo ali é lento e previsível, vamos conhecendo os hábitos dos bichos — os seus trilhos, as suas manias. Depois das refeições guardávamos os restos de carne para entregar às raposas que rodeiam a aldeia. Durante uma semana, tentámos adivinhar os locais onde podíamos entregar-lhes o jantar. Nunca as vimos, porém.
Mais tarde, um hortelão simpático informou-nos o lugar onde elas viviam. Lá fomos, nós com salsichas e entremeadas matar a fome à família das raposinhas. Não encontrámos nenhuma. Deixámos lá o manjar e regressámos desiludidos. Já passava da meia da noite, quando decidimos lá voltar. Qual não foi a nossa surpresa, quando, no improvisado comedor, uma raposa abocanhava uma das salsichas. Valeu a persistência para vê-las e alimentá-las. Interpretei este sinal, como se o espírito da aldeia nos dissesse: "Nunca desistam de bem-querer.".
Sem comentários:
Enviar um comentário