12/04/2021

Reflexão: as caminhadas na aldeia

Saímos cedo para a caminhada em redor da aldeia. E logo nos assaltam os aromas, os sabores, a rugosidade das pedras. Cheiramos a hortelã e o poejo, comemos figos e amoras, tateamos o musgo sobre as rochas. Quando o sinal de rede enfraquece,  os sentidos da proximidade ganham vitalidade: o olfato, o paladar e o tato.  Já não há momentos isolados, apenas um mergulho caminhado, um ato continuo, completo e autêntico. Sem intermediação, a natureza  torna-se imersiva e cheia daqueles detalhes que ganham um novo sentido quando se juntam. Por ali, não encontramos vestígios de inocência, mas apenas uma essência modesta, que apenas se revela até ao limite necessário para viver.



Foto de Fátima Rodrigues

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