21/03/2021

Conhecer

O que posso eu conhecer? Como? E o quê? 

Para além dos limites cognitivos impostos pelas dimensões do tempo e do espaço, as minhas emoções  condicionam-me  também o entendimento. 

Se uma sinapse da rede neuronal  é ativada quando uma determinada carga elétrica a estimula, poderá o mesmo acontecer com o nosso grau de entendimento das coisas: a paixão ilumina-nos os mais crípticos  poemas da amor, a doença explica-nos a fragilidade humana e por esta via os caminhos da metafísica e do transcendente. 

Conhecer não está assim ao arbítrio absoluto do sujeito, mas também das suas circunstâncias. O primeiro passo é  de facto arbitrário e começa pelas perguntas : estou preparado para conhecer? encontro-me em condições  para conhecer? Estas premissas são definidas por: primeiro, uma atitude interior que permita aceitar o conhecimento sem baias; segundo, ter a certeza  que me é dado a conhecer a coisa na sua forma mais nítida, sendo esta claridade fruto da razão ou da experiência.

A tomada de consciência das circunstâncias mais imediatas ou próximas aumentará  a possibilidade para conhecer. Este novo conhecimento permitirá dar resposta imediata sobre o que é a minha realidade, porque o "eu" apenas o é num determinado espaço e tempo. Assim — e partindo desta primeira camada de conhecimento —    podemos progredir para  perguntas mais universais e cujo a grandeza  ultrapassa os limites possíveis  da nossa intimidade com as mesmas.


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