13/06/2024

Madre cantabile

Mãe de toda a língua viva ou morta,

de toda a terra suspensa sob as nossas cabeças atrevidas,

Mãe cantada, cansada, adormecida

por debaixo de dosseis de estanho e conchas raras,

Mão que nos guia e gira no ar,

Mão que nos deixa cair apenas

para compreendermos a morte

como quem lembra o perfume das flores

que se vendem à porta dos cemitérios.


Não há prazer que não saibas entrelaçar em nós,

filhos esclerosados de Maria,

em nós que te pedimos tão-só a graça idiota

de não morreres nunca.



1 comentário:

carlos perrotti disse...

"Mão que nos guia e gira no ar,
Mão que nos deixa cair apenas
para compreendermos a morte
como quem lembra o perfume das flores
que se vendem à porta dos cemitérios..."

Depurados versos, todo el poema, está claro, pero estos ya resuenan en mi memoria...

Abrazo até lá.