16/09/2023

Sabedoria

 

Sabedoria é não ter ilusões,

saber que o grito espanta, mas passa,

como um transeunte apressado numa rua da Baixa

ou que a utopia não dura mais

do que espuma no cimo de um copo de cerveja.

Sabedoria seria chorar a dádiva da vida

e celebrar anos depois a tradição da morte.

 Sabedoria era já saber, antes mesmo de compreender,

apenas porque estava escrito em livros antigos,

ou porque a mãe nos disse certo dia depois de almoço

 quando éramos ainda crianças.

Sabedoria é uma flor que se abre e fecha,

porque sabe que o sol é também outra flor às ordens

de um mistério maior.




4 comentários:

Jaime Portela disse...

Sabedoria também é saber que pouco sabemos.
Excelente poema, gostei de ler.
Boa semana.
Um abraço.

PS: já li o seu livro, está repleto de bons poemas.

Graça Pires disse...

"Sabedoria seria chorar a dádiva da vida
e celebrar anos depois a tradição da morte."

Sábios são aqueles que escutam o rumor da morte na rotina dos dias, no sangue das palavras, na dor na perda, no tédio. E renascer a toda a hora com a inocente respiração da vida. Serenamente.

Citei-o a si e citei-me a mim por achar que as minhas palavras dialogavam com este seu belíssimo poema.
Desejo que esteja bem.
Um bom fim de semana.
Um beijo.

Juvenal Nunes disse...

Sabedoria, diria, é viver no espanto de tudo relativizar.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

São disse...

Além disso, sabedoria é saber que ninguém a atinge na totalidade.


Saudações cordiais e bom Outono.