23/09/2023

Árido

Para a g,

o j

e a s (se cá vier)


Ponto, virgula, ponto;

e por aí continuo a marcar apenas o compasso,

à espera que as palavras cheguem 

para encher a aridez da pauta, 

para derreter o gelo que me empedrou os dedos.

.

Há em mim um desespero ordinário,

o dilema vulgar entre gritar ou calar.


Guardei-vos uma boda sensível

no bolso roto das calças.

E só ficou esta fome para vos dar de lanchar.

3 comentários:

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

É semore bom vir
ler aqui no aeu Blog.
Lindos versos.
Bjins de otima nova semana.
CatiahoAlc.

Jaime Portela disse...

As palavras nem sempre chegam, na verdade.
Mas para isso acontecer é preciso espicaçá-las, ameaçá-las com qualquer coisa que se tenha à mão do pensamento...
Excelente poema, gostei imenso.
Boa semana, um abraço.

Graça Pires disse...

Esse dilema entre gritar e calar. Confesso que tanto um como outro requerem audácia. Qualquer das opções provoca esse desespero de esperar as palavras mais pessoais ou mais impessoais como o sopro do vento, ou um acto de fé ou a intimidade de qualquer desafio.
Irei lanchar a merenda da minha fome. Posso?
Tudo de bom, meu Amigo Luís.
Uma boa semana.
Um beijo.