Tudo tão triste,
desnecessariamente triste.
Há uma desumanidade em ferida
que teima em sarar.
Há cada vez mais quietude,
mas sem os dedos brancos que vinham acender o amor.
Pela minha imensa história
distanciei-me dela mesma.
O calor da ilusão ainda me desfoca os destinos,
mas sinto o tédio de quem já sabe como o filme acaba.
Ainda me espanta o fundo do mar,
o seu mistério híbrido, carnal e vegetal,
com os cardumes de sargos,
petiscando as algas que relaxam nas rochas.
De todas as representações paradisíacas,
aquela é a mais próxima do ideal,
coração que ainda bate apesar da morte cerebral,
ou talvez o contrário disso.
O que sei eu das palavras, para além do impulso de as escrever,
E se algum significado têm, esvai-se logo que as escrevo.
Sinto que sou o homem mais triste do mundo.
É estranho o meu desejo ardente em viver.
5 comentários:
Um poema de desânimo...
Mas nem por isso menos bom. Gostei imenso.
Continuação de boa semana, caro amigo Luís.
Um abraço.
PS: não me esqueci do email...
O querer bem as vezes machuca o coração
há vida lá fora. Apaixone-se.
quando um filme acaba, a tela espera
que acione outro.
São só paradigmas,somos capazes de
mudá-los.
Um abraço, Luís Palma, um abraço
Uma escrita muito sublime, fecha - se uma porta. abre - se uma janela!
Não ao desânimo! Mudança!
Um beijinho!
💗💋💗Megy Maia
Maravilhoso! Gosto muito desse sujeito lírico profundamente triste. Porque não dá para ser o tempo todo feliz.
Vou levar e analisar com calma depois, você deve saber que estou cheia de coisas para ler e fazer!
Só passei mesmo para uma visita.
Beijinho
Luís, os sentimentos de melancolia, tristeza, solidão e introspecção são muito marcados nesse poema. "Tudo tão triste,/ desnecessariamente triste."
Há uma indicação da distância da própria história, uma sentimento de desconexão com o passado e com suas próprias experiências. "distanciei-me dela mesma."
No final, ainda há esperanças, pois o sujeito compreende a inevitabilidade das coisas. Apesar de sua tristeza, mesmo com tédio, mostra a contradição entre a tristeza profunda e o desejo de viver como elemento principal. "Sinto que sou o homem mais triste do mundo./É estranho o meu desejo ardente em viver."
Um abraço, meu amigo
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