O corpo pensa,
ouvindo a chuva,
as orações a embater nos lábios,
os ralhos da plebe.
O corpo pensa,
sentindo os pelos dos gatos
quando adormecem ao colo.
Talvez por pensar,
o corpo se acoite nu
e despenteado por trás da porta,
para que a razão não o encontre.
E por ali fica,
pensando o frio,
o ruído das coisas modestas,
a fome necessária.
O corpo lembra-se demasiado,
por isso tem de esquecer amiúde
para ter vontade outra vez.
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| "Estudos anatómicos" de Leonardo da Vinci |

1 comentário:
Esquecer para lembrar de novo. Uma forma de coragem para ultrapassar a rotina dos dias. Uma forma de renascer a toda a hora apesar da dor, ou do tédio. A vontade e a razão na linha da vida.
Um bom fim de semana, meu Amigo Luís.
Um beijo.
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