I
A manhã nasce, desígnio moral.
E nesse exato momento
tudo parece crescer
e salvar-se outra vez.
II
Há na claridade
uma evidência póstuma
da última noite, uma teimosia
que não cumpre a morte,
apesar de necessária.
III
E a gata lambe de novo
o que já havia lambido,
mecânica inorgânica
aceite há muito
como um emprego normal.
IV
É isto que espanta:
a repetição do azul-celeste,
o mesmo sinal desde a infância,
o bêbado que apenas acorda
para beber o meio-dia.
V
Aquietam-se por agora as sombras.
Essas que mais tarde julgar-nos-ão,
aguardando apenas
que a luxúria das estrelas
as desinquietem também.
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