03/07/2022

Antes do pequeno-almoço

 As manhãs têm um fundo lasso,

são palavras difíceis que trouxe da infância

para fazer em casa.

Ao longe, o estribilho do chamariz

rompe a calma da cidade que não dorme.

E, por um instante, sou feliz, 

pelo menos ao longe.


No fundo do poço, 

a carpa roda, roda

à procura de um buraco,

tímido logro que a leve ao mar aberto —

afinal replicada barragem,

pequena liberdade por expandir.


Haverá vida em verso, no reverso, no multiverso,

ou mesmo no inverso desta realidade premente

que me antecipa, ainda deitada, o pequeno-almoço.

Depois retorno à minha sorte.

E equiparado às coisas que agora vejo,

vou e esqueço.


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