Escuta-me a palavra,
as palavras.
Prometo-te o anfíbio da síntese,
o sumo da beleza apenas
e mais um ou outro silêncio para respirares
durante o mergulho.
Vem comigo, amigo.
Segue-me na apneia da nossa cegueira.
Prometo-te a cor gelada dos rios
acabados de nascer,
a lembrança do primeiro amanhecer
durante a última noite na Terra.
Prometo-te sublimar
a alucinação interior, anterior,
encontrar a prosódia certa,
o ritmo, a decência de uma voz
aparentemente imaculada,
capaz de escrever frutos inocentes,
intervalos necessários
para o ressoar das rimas,
para a eventual melodia
que os sinos conseguem aos domingos.
Nada disto é fácil.
Eu sei disso:
peço-te por isso
só mais uma oportunidade
para a minha mais insolente ilusão.
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