21/05/2022

Pequeno-almoço

Logo pela manhã,

encharco-me na poesia dos outros,

na esperança de cegar-me para ver.

O transe, porém, esperado, colapsa enfim.

A realidade, fértil por isso mortal,

põe sobre a mesa —

não as avencas recortadas nos poentes,

nem as sombras translúcidas

dos natais passados — 

mas apenas uma tigela de muesli

e um café.


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