Faço poemas como quem pesca à linha. Tiro o isco e a paciência de um bornal —velho armazém de lumes — e lanço o anzol antes do sol crescer lá no fundo das águas.
Enquanto aguardo, confiro as profundezas através do pensamento dos sardos.
É assim mesmo que faço os poemas, aguardando sem receio o deus-dará.
E se o peixe chega vivaz e lastimoso, deixo-o caído na praia, à espera que qualquer leitor incauto o devore sem querer.
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