29/01/2022

A palavra do lado #1

(...) E tenho longas conversas sem nada dizer. 
Como se a língua fossem braços de mar 
a varrer uma praia  desenhada
sobre vidro incolor.

Não há sentido para os meus braços,  
nem para as económicas pernas sequer. 
A própria mente tem apenas intermitências
de uma ordem sorteada.

Ao leme de mim, está um louco  
fascinado por uma bússola de papel. 
Por isso, quando as palavras caem-me no chão, 
conto sempre até dez, 
e elas nunca se levantam.

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