12/03/2021

Mais um poema (Versão XL)

 Ao professor António Castro Caeiro


É só mais um poema.
Há tantos que não pode haver tantos que o sejam.
Então o que é? De onde chegam? 
Qual a natureza desta embriaguez lúcida que me toma?

Onde mora o centro fértil desta harmonia?
Fora ou dentro?
Será um  coito ou uma afirmação desabrigada da loucura? 

Os pássaros respondem a todas estas perguntas. 
Não os entendo, porém.
Talvez seja isso mesmo um poema, 
uma tentativa mais para entender a fala dos anjos 
ou dialeto interior dos pássaros que fomos ou seremos, 
porque o presente não existe.
É um tempo demasiado puro e escasso
para a imperfeição dos sentidos.

Onde ia eu? Ah, sim, o poema...

Dizia então que o poema não é o que parece ser,
porque nunca havemos de chegar à essência  das coisas.
É o que a ciência dos computadores chama de firewall humana.

2 comentários:

solfirmino disse...

A cada dia tem-se feito mais e mais poemas querendo entender o tempo, os sentidos, a essência das coisas, o que seja. Mas, qual Tântalo em seu tormento, só nos afastamos...

Luís Palma Gomes disse...

É a firewall humana.