12/05/2020

O caminho

Tenho um mestre que me alumiou a caverna da alma, permitindo-me ver como é clara e acolhedora aquela gruta. Vejo agora  como a escuridão havia escondido tantas galerias maravilhosas, quantos recantos aprazíveis. Outrora a luz difusa que penetrava na caverna, criou-me muitos mal-entendidos. Apenas agora posso ver e compreender a razão dos meus erros, a percepção deficiente das formas, dos trilhos, os movimentos circulares da antiga caminhada que não me levava a parte alguma. Afinal era tudo simples e eu teimava em seguir as veredas da paixão, esquecendo as do amor.

O mestre avisou-me que o caminho simples, não é fácil, mas proveitoso. É uma viagem com obstáculos, cruzamentos, dispersão, atracções que nos apelam a parar. É preciso coragem, confiança e muitas vezes paciência e humildade para concluir que estava outra vez na direção errada e que devo regressar ao troço anterior.

Jamais faria esta caminhada sozinho. Não seria capaz sem a ajuda dos outros e porque gosto também  de partilhar com os companheiros as galerias que encontro: silenciosas e de uma transcendência a perder de vista.

"O caminho não é fácil" é a frase que lateja na cabeça, como uma cefaleia. Porém, tenho a intuição que vale a pena. Sobretudo quando olho em meu redor e sinceramente não vejo outro melhor.

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