28/11/2014

Manoel de Barros, o apanhador de desperdícios



Manoel de Barros nasceu no Brasil há 97 anos atrás. Quando era muito jovem foi viver com a família para uma propriedade rural, onde conviveu com os animais, as plantas, enfim as coisas simples da vida. Quando tinha dez anos e estudava num colégio interno revoltou-se contra a escrita do Padre António Vieira por lhe parecer que a escrita do famoso pregador se preocupava mais com o estilo da frase do que com a verdade. Apesar de como irão ouvir a verdade para Manoel de Barros tem um cunho simples e deliciosamente ingénuo.

Formou-se em Direito e quando tinha 18 anos e vivia no Rio de Janeiro entrou para o Partido Comunista. Escreveu numa estátua “Viva o Comunismo” e a policia foi procurá-lo a casa. A dona da pensão, onde o poeta vivia, recebeu a policia e disse que não podiam pegar “o menino” porque ele era tão bom que até tinha escrito um livro chamado “ Nossa Senhora da Nossa Escuridão”. Os policiais não pegaram o menino poeta, mas levaram todos os exemplares do livro.


Manoel de Barros rompe com o Partido Comunista quando o seu líder, após 10 anos de prisão política, resolve apoiar o presidente Getúlio Vargas. Apís esta deceção, vive na Bolivia, Perú e durante um ano em nova Iorque onde faz um curso de cinema e pintura no Museu de Arte Moderna.
Na década de 60, volta a Campo Grande no Brasil, onde passou a viver como criador de gado, sem nunca deixar o seu incansável ofício de poeta.
Apesar de ter escrito muitos livros durante toda a sua vida e de ter ganho muitos  prémios literários desde 1960, durante muito tempo sua obra ficou desconhecida do grande público. Possivelmente porque o poeta não frequentava os meios literários e editoriais e tinha hábito bajular ninguém.



O seu trabalho começou a ser valorizado nacionalmente a partir da descoberta deste por parte de Millôr Fernandes, já na década de 1980. A partir daí, ganhou reconhecimento através de vários dos maiores prémios literários do Brasil.


Foi considerado o maior ou um dos maiores poetas do Brasil, sendo um dos mais aclamado nos círculos literários do seu país. O seu trabalho tem sido publicado em Portugal, onde é um dos poetas contemporâneos brasileiros mais conhecidos, na Espanha e na França.

Morreu com 97 anos há duas semanas atrás (uma prova como a poesia dá saúde), mas deixou para a língua portuguesa uma herança simples mas profundamente terapêutica nestes tempos em que às vezes tendemos a complicar a vida afinal tão simples como nos explica Manoel de Barros nos seus poemas.


1 comentário:

Carla Espada disse...

Um percurso e vida muito interessante e é licenciado em Direito, que giro :)