Tenho a alma ferida,
por uma pátria que não entendo,
por uma língua que não conheço,
por um desamor vadio que me espera nas esquinas
e me apunha-la sem dó.
E dito isto resta-me continuar
como quem finalmente compreende
porque é o fado a cantiga da nação.
Queria fazer a guerra, mas não sou capaz.
Queria dar gritos, mas a rouquidão tolhe-me a loucura.
Sim, sei que tenho amigos (graças a Deus!)
Mas eles passam em suas barcaças
e acenam-me e gritam longínquos: “Viva, amigo!”
E depois seguem o curso dos seus rios
tantas vezes de marés avessas aquelas que me levam.
A minha resistência é a poesia.
Mas tão leve ela é
quando irrompem as águas impenitentes da história
da minha e da tua história.
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