Ouves o teu sono
nos carros que passam,
no rumor trepidante do comboio,
na água que pinga dos canos,
na gata que se oferece
plácida a teus pés,
ainda descalços.
Ouves o teu sono
e pensas que talvez fosse melhor
ficar por aqui:
sem lutas, sem gritos, nem ódios
que exigem dos olhos
um remexer constante.
“Levanta-te e anda”,
ordenou Jesus a um paralítico.
“Deita-te e dorme”,
diria-me Ele,
detendo o tempo
meses a fio,
até que a curiosidade
me acordasse de novo.
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