16/10/2024

As águas de outubro

Choveu no caís do inverno. 
As folhas estão plácidas, porque infecundas.
Tudo treme, menos o vento,
que traz com ele uma vontade 
do outro lado do mundo.
Os pássaros treinam a fome.
Enquanto as pessoas vulgares olham a chuva
e dizem que ela faz falta.
Hábitos antigos.

2 comentários:

carlos perrotti disse...

Magnífico poema, pero el tercer verso es aún superior, sublime , excelso...

Graça Pires disse...

Águas de outubro. A chuva afaga as raízes das árvores e o vento agita seus ramos. A chuva traz com ela, para muitos, uma espécie de desamparo. É outono e os pássaros sublimam a profecia das distâncias, apesar da fome. Dolorosamente sentimos que há vidas rondadas pela morte, em lugares abertos aos rasgões da existência.
Desejo que esteja bem.
Uma boa semana.
Um beijo.