17/09/2024

Um buraco no peito

 

Tenho um buraco a atravessar-me o peito,

a rasgar-me as costas,

Carne desfeita pela bala de um cossaco russo

Esquecido pela história num pântano da Crimeia.

 

Há uma loucura que mata.

Há outra que salva.

Esta que me assola é de outra estirpe.

Não sei qual, exatamente.

Sei apenas que me atravessou o peito

Como qualquer moscardo gigante teria feito.

1 comentário:

Graça Pires disse...

Enlouquecemos com frequência. Umas vezes para morrer. Outras vezes para nascer de novo. Dentro do peito há quase sempre uma ferida, como se a tragicidade da nossa vida fosse um remorso. Mas como escreveu Rumi "é pela ferida que entra a luz". Iluminemo-nos!
Desejo que esteja bem.
Uma boa semana.
Um beijo.