07/09/2024

A grande fuga

Podes escapar com vida ao inverno, 

à ponta incandescente do verão,

às diligências notáveis para suportar o ninho:

com tantos galhos para lá pôr, 

com a garganta dos filhos sempre à espera do verme.


Podes escapar com vida às paixões,

aos confortáveis becos, aos cruzamentos incertos.

Podes até mesmo errar e voltar ao caminho certo,

ou a outro qualquer que alguém escolheu por ti.


Mas não irás escapar ao abraço caridoso da noite,

ao delicado gesto de quem te fechar os olhos pela última vez.

1 comentário:

Graça Pires disse...

Mesmo que pareça que sim, não escapamos a nada do que nos está destinado. Mesmo que a fuga se faça grito ou voo, ou tão só um gesto delicado de quem que nos oferece o olhar para não ficarmos sós.
Desejo que esteja bem.
Um beijo.