25/04/2024

Teleological issues


Escrever...escr... esc da tecla "Escape"


Certo dia perguntarás:

"Escrever para quê, para quem?

Se o esquecimento se apropriará de tudo:

dos meus poemas, da língua em que os escrevi

e mais tarde do planeta onde a língua se falava 

ou mesmo do universo onde ele rodava, rodava

como a saia de um dervixe turco."


"Um leitor basta, apenas um. 

A diferença entre nenhum e um leitor

 é maior do que entre um  e cem leitores",

 disseste numa entrevista há muitos anos.

Ainda que agora, ao tornares-te um escritor de “bestsellers”, o negues

ou simplesmente digas que não te lembras de ter dito tal coisa.


Quando as máquinas escreverem e lerem os melhores poemas,

alguém colocará num site de venda e compra de coisas usadas:

"Leio o teu poema e apaixono-me por ti durante 20 minutos 

— 12 euros (a negociar)".

E perceberás então que será realmente na negociação do preço/tempo

que estará, escondido e subliminar, o poema humano,

aquele que depende exclusivamente do futuro.






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