"É melhor fazer versos do que matar alguém",
disse-me um amigo,
enquanto esperávamos a segunda cerveja
e por aí a fora.
Sem descanso, nem sossego,
presto-me à condução das viúvas
ao longo da avenida.
Ninguém sabe ao certo que horas são.
O fluxo pensante saí-me de cor
e distraído vou grafando os pensamentos ao de leve
como se fossem sementes de dentes-de-leão
à procura de chão enquanto planam.
Haverá tantos poetas mortos à espera de uma oportunidade,
uma fila imensa defronte de uma porta que se abre raramente.
Essa mesma que por cima tem uma tabuleta consagrando:
"Poesia completa - Tomo primeiro".
2 comentários:
Fazermos poemas mesmo dolorosamente sem ficarmos trancados na mudez, vale a pena. Já são escassas as palavras, é certo, para dizer tudo o que nos inquieta. Por isso os poemas já não passam muitas vezes de monólogos emudecidos onde a linguagem simboliza as múltiplas faces da vida e da morte, mesmo quando vamos anotando os pensamentos como se fossem sementes à procura da terra onde se reproduzam.
Mas que vivam os poetas!
Tudo de bom, meu Amigo Luís.
Uma boa semana.
Um beijo.
Há coisas bem piores do que fazer versos...
Um magnífico poema, gostei imenso.
Um abraço e boa semana.
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