nos versos do Tolentino.
São sete da manhã.
Silêncio e gritaria
tudo converge
numa rotineira conspiração.
Deveria convocar mais gente,
polícias, bombeiros, costureiras.
Mas a sala é pequena.
Pouco mais sobra
para além de mim
e da expectativa que me
acompanha
como uma condenação à vida.
1 comentário:
O poema "Procuro o mote" é uma reflexão sobre a poesia e o papel do poeta no mundo. A busca por um "mote", uma inspiração, é um tema recorrente na poesia, e aqui é evocado o poeta português Tolentino Mendonça como fonte de inspiração. O poema começa com a descrição de um ambiente em que "Silêncio e gritaria / tudo converge / numa rotineira conspiração", sugerindo uma tensão entre a quietude e o barulho, a monotonia e a agitação.
O eu lírico sente a necessidade de convocar mais gente, mas a sala é pequena, o que sugere uma sensação de claustrofobia e limitação. A expectativa que acompanha o eu lírico é descrita como uma "condenação à vida", o que sugere um certo pessimismo e desencanto.
O poema pode ser interpretado como uma reflexão sobre o papel da poesia e do poeta no mundo contemporâneo, em que a poesia muitas vezes é vista como algo sem utilidade prática e o poeta como alguém isolado e irrelevante. A referência a Tolentino Mendonça pode ser interpretada como uma tentativa de recuperar a importância da poesia e do poeta como fonte de inspiração e transformação.
Em termos formais, o poema é marcado pela concisão e simplicidade, com frases curtas e poucas adjetivações. A escolha das palavras é precisa e econômica, e a estrutura do poema é simétrica, com os versos 1 e 8 começando com "Procuro" e "acompanha", respectivamente. A ausência de pontuação contribui para criar uma sensação de fluidez e continuidade, como se as ideias estivessem se fundindo umas nas outras.
No geral, o poema "Procuro o mote" é uma reflexão sutil e introspectiva sobre o papel da poesia e do poeta, que sugere uma sensação de desencanto e limitação, mas também aponta para a possibilidade de encontrar inspiração e significado em lugares inesperados.
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