Aqui estou, Jesus,
para dar o teu difícil testemunho.
De mãos vazias
e pés vacilantes diante do caminho pedregoso,
corpo feito à semelhança de uma criatura
quase vaporosa, quase líquida, poeirenta certamente.
Eis-me aqui,
para pedir somente a tua graça
— não riqueza, nem poder —
mas na humildade de reconhecer a minha condição finita,
para aceitar em paz a incompreensão do teu plano,
dos teus desígnios crípticos.
Sei que Te puseste comigo ao caminho ,
como fizeste com aqueles dois irmãos em Emaús.
É estranho alguém se sentir sozinho,
se puser a hipótese de caminhar contigo.
Lembra-Te, Senhor,
que sou fraco e sensível,
como todos os outros irmãos, afinal,
por detrás das suas máscaras
tantas vezes feéricas.
Peço-Te a compreensão dos outros, a minha também,
através da tua excelsa natureza:
transparente, porque omnipresente,
complexa, porque omnisciente,
tantas vezes incompreensível
porque afinal infinita, sem princípio, nem fim,
sem causa, nem inteligível consequência.
1 comentário:
Um poema-prece cheio de espiritualidade e tão delicado que me tocou profundamente. E lembrei J.T. Mendonça "Talvez a função da oração seja fazer-nos compreender a vida humana como possibilidade de Deus".
Tudo de bom para si meu Amigo Luís.
Um beijo.
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