25/11/2022

6:35 AM

E agora a tudo me prendo
 por insistência do novo dia:
 panos, dentes antigos, o tremor dos tímpanos
 repercutindo os primeiros sons da melodia. 

Afinal, tudo dorme ainda conivente:
 a lição que espera,
o automóvel - excêntrico paraíso - sempre pronto 
 como um cão fiel, a cova,
 o sabonete, o vinagre e o mel, 
se a tarde for longa
 e os faunos nos levarem aos prometidos favos.

Pouquíssimo é o tempo que nos resta
 e por isso pomo-nos à estrada obedientes a uma voz interior,
 normativo fosco de rigor
 que nos alinha, 
encaixa e desencaixa com algum atrito
 e disfarçado espanto.

Ó fosse eu um gato,
 instrumento estendido e imanente 
à mais gordurosa boda de Caná.

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