07/01/2021

Sacerdote pessoal

Tinha medo de morrer

e de viver.

Acordava morno.

Bebia sempre leite com café pela manhã.

E quando as aves partiam para sul,

recolhia aos aposentos.

Sentado nas memórias,

ligava a TV

para ver os vivos e os outros.


Quando as aves regressavam,

acendia o fogareiro.

Depois chamava Neptuno e as Bacantes

e oferecia-lhes a imolação da prata

que havia nas escamas das sardinhas.

2 comentários:

solfirmino disse...

Muito bom. Muito mesmo. Sofri para fazer poemas com aves no último livro. Parece natural para você.

Luís Palma Gomes disse...

É verdade. As aves estão sempre presentes no que escrevo, mas também na minha casa, nos meus passeios, nos meus interesses.