Começou a tarde, no Bar Britânico no Caís do Sodré. Comprei um moleskine e uma caneta nova com aquela ponta de diâmetro estreito que tanto gosto, pedi um digestivo e iniciei o livrinho assim:
Aqui baptizo
o registo das espúrias
tardes caídas
na tentação da imortalidade
Não há por aqui fontes
incrustadas à sombra das árvores,
nem caminhos escondidos
por entre a vegetação pura
dos primeiros poemas
Apenas por aqui passa
um sentido desmazelado
pela pressa de viver,
a última economia dos defuntos
e uma orgia imatura
tatuada nas ruas quase sujas
(mas redimíveis) da velha cidade
2 comentários:
que começo, Luis, que começo...
Os começos para mim têm uma carga normalmente positiva, às vezes....
Gostei imenso do teu começo.
Estou a ver-te lá com a tua bebida, o ambiente, o moleskine, adoro!
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