“Ó noite onde as estrelas mentem luz
Ó noite, única coisa do tamanho do universo”
Fernando Pessoa
Ó noite, única coisa do tamanho do universo”
Fernando Pessoa
A noite vai ser longa e estéril
como uma banheira cheia de óleo queimado.
Insones, a vergonha e a derrota
vão marcar-te a fronte com sonhos em brasa
Não há nada mais triste
que escrever poemas aos 50 anos
À noite tudo será esquelético,
como um bosque há pouco abandonado
por um bando de
cabras esfaimadas
que comeram sem dolo as minhas verdes esperanças.
Aos 50 anos
só devia ser permitido escrevermos salmos messiânicos,
mesmo que as mãos tivessem de se estender
por detrás das grades
A noite será um cubo pequeno
e lá dentro
o meu corpo engelhado
sentirá finalmente
o quanto a verdade asfixia
se é feita de barro
e nos entra pela boca
a dentro,
derradeira
1 comentário:
não nos resta mais aos 50 anos?
(gostei (claro))
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