19/12/2014

Escrever com o sol na mão e ver o vento soprar

Escrever com o sol na mão e ver o vento soprar. Escrever palavras luminosas que preparem para o escuro. Escrever frases médias para não se cansarem ou perderem o fôlego. Escrever o silêncio e ouvir o mar ao longe. Escrever como se os dedos fossem galhos de árvores com folhas ainda verdes. Escrever os versos mais solares e mais vibrantes. Fechar os olhos e ver. Ver e reter o principal. Não ter medo do frio e da indigência. Virar-se para os outros em sorriso e em ajuda. Não ter dinheiro e dar muito, dar-nos. Aceitar o que nos dão, agradecendo. Fechar as luzes, reacende-las. Tocar o mistério, sem o anular. Tocar cada vez mais luminosamente. Tocam com muitas vozes a acompanhar. A corrente do amor é forte, mas não fulmina. Rimos e choramos. Ganhamos e perdemos. Vivemos, participamos do ser mais profundo que, de dentro, ilumina o mundo, fazendo-o dançar.

Maria Teresa Dias Furtado

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