16/08/2013

António Nobre



Fazia hoje anos o poeta António Nobre. Reuniu todos os seus poemas num só livro, a que chamou obviamente "Só". A sua vida é trágica e curta. Deixou-nos belos poemas, diria únicos. Aqui fica um poema seu  sobre outra gesta de valentes portugueses, os poveiros.


Poveiro

Poveirinhos! meus velhos pescadores! 
Na Agoa quizera com vocês morar: 
Trazer o lindo gorro de trez cores, 
Mestre da lancha Deixem-nos passar! 

Far-me-ia outro, que os vossos interiores 
De ha tantos tempos, devem já estar 
Calafetados pelo breu das dores, 
Como esses pongos em que andaes no mar! 

Ó meu Pae, não ser eu dos poveirinhos! 
Não seres tu, para eu o ser, poveiro, 
Mail-Irmão do «Senhor de Mattozinhos»! 

No alto mar, ás trovoadas, entre gritos, 
Promettermos, si o barco fôri intieiro, 
Nossa bela á Sinhora dos Afflictos! 

António Nobre em "Só"




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