Costa da Caparica
11.00 horas
S.João da Caparica
Leio no Público, dois versos de um poeta místico, William Blake:
"Tigre, tigre, ardendo aceso
Pelas florestas da noite"
E continuo:
"Gato, gato, velando à meia-luz
Em contra-mão com o tempo"
"Sapo, sapo, abocanhando em cheio
A extrema-unção do mundo"
12.30 horas
Trafaria
Chego à vila piscatória da Trafaria para almoçar. Pensei comer uma caldeirada. Mas é um prato demasiado caro para uma pessoa apenas. Decidi-me pela "Raia frita com açorda".
Ao entrar no restaurante "O Fragateiro" deparo-me com uma parede com muitos posters de equipas de futebol de "Os Belenenses". Pergunto ao proprietário se é sócio. Diz-me que sim. E que é também o pai do Luis Ferreira, antigo guarda-redes do Belenenses e atual treinador de guarda-redes. Ficámos obviamente à conversa.
14.00 horas
Palácio Nacional da Ajuda
Aqui sente-se o poder. No local mais alto da cidade, um magnifico palácio se ergue numa das colinas da cidade. Por detrás, um comando da GNR. Lá dentro alguns Audis e BMWs pretos revelam a austeridade forte do estado. Antes e depois de 1910, talvez pouco tenha mudado no que diz respeito às máscaras do poder.
15.00 horas
Exposição de Botero “VIACRUCIS - A Paixão de Cristo”
Na sala " Rei D.Luis I" do Palácio está exposta um conjunto de pinturas e desenhos denominados "Via Crucis", do pintor colombiano Fernando Botero, até ao dia 23 de Janeiro.
Na exposição de Boreto, encontro no quadro "A crucificação" a ideia mais nóvel da exposição: Jesus jaz na cruz. A sua pele tem uma tonalidade verde que integra-o, qual camuflagem, na paisagem verdejante de um jardim urbano. Por detrás da sua agonia, a população passeia impertubável.
Em alguns quadros a dimensão de Jesus é imensa em comparação com aqueles que o maltratam ou traiem. Contudo, na " A Piedade", Ele surge em dimensões muito reduzidas, em comparação com a sua mãe, que o toma em braços.
16.00 horas
Beira-rio - Junto à estação fluvial de Belém
Ver o rio é um ato infatigável de fé. É esperar no porto que o estrangeiro chegue da barra ou que a montante venha, rio abaixo, o mais intimo português.
Escrevo por fim com o sol a pôr-se:
"A oeste adensa-se o futuro da noite
como se o sol também desaguasse
levado pela teimosia do Tejo"
1 comentário:
Caro Luís Miguel Gomes, achei muito interessante a sua Árvore com Voz, que não conhecia. Há alguma afinidade com aquilo que eu próprio procuro.
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