I
II
Dizes que, para mim, a poesia é um escape.
E se for ao contrário?
Se for a vida
Em setembro
as ondas ainda cabiam dentro de nós.
tu nunca gostaste do Montijo.
E, por ironia do destino,
o montijo é o que eu mais gosto em ti.
Dizem que pagava às prostitutas
para lhe ouvirem os poemas.
Dizem que ele pensou em suicidar-se, mas deixou isso para tempos melhores.
XI
Quando o pai morreu, o avô comprou-lhe uma tartaruga.
E lentamente as coisas foram-se recompondo.
XII
A certeza é uma coisa morta:
um pêssego sem caroço,
um prego na relva,
uma carpa que se convenceu
que aquilo não era um anzol.
XIII
As flores sussurram afagos;
os vales gemem lembranças;
as estrelas gritam distâncias.
Mas só quando olhas para elas.
XIV
Parece que hoje não chove,
parece.
Quando vai chover
as vozes são outras
e chove-me também.
Por isso, eu sei
que não vai chover,
como aqueles galos de plástico
que mudam de cor
quando isso acontece.
XV
E quando lhe perguntaram numa entrevista "quando mais gosta de escrever poemas", ele sem ironia respondeu "Enquando formato pcs."
XVI
Somos livres dentro de um aquário
onde os vidros são feitos de tempo,
e não de distância.
2 comentários:
Lo que es...
No lo que se ve.
Abrazo, amigo!!
Para ler em voz baixa, porque senão afugentamos estes lindos pássaros.
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