09/04/2025

Sozinho em casa 3

Esta solidão devassa tudo.


Leio-me a mim mesmo, 

num círculo recursivo e infinito.


Se há ou não condição de paragem,

é a questão que endereço às instâncias

do sol e da sombra;

da poeira que me faz espirrar

como se a minha alma vegetal

lançasse pólen sobre outro coral infecundo.


Se há ou não condição de paragem

é a pergunta que fazemos 

enquanto esperamos saber

se é o tudo ou o nada, o que nos aguarda.

3 comentários:

Margarida Pires disse...

Que lindo versar!
Um beijinho!
🌟🌟🌟Megy Maia

carlos perrotti disse...

Inspiradoras cavilaciones, Poeta!!
Abrazo hasta vos!!

Dan André disse...

Luís, este poema é um mergulho sereno — e um pouco inquietante — na vastidão da consciência solitária. A imagem de “ler-se a si mesmo” como um ciclo infinito é poderosa e muito real: todos já nos vimos assim, em silêncio, tentando decifrar o próprio eco.

A solidão aqui não é apenas ausência, é lupa. Amplifica pensamentos, poeira, sombras e até espirros com densidade filosófica. E essa pergunta que se repete — se há ou não condição de paragem — atravessa o texto como um sussurro existencial que não se cala.

É um poema que não grita, mas diz muito. E permanece. Bravo.

Abração do amigo
Dan
https://gagopoetico.blogspot.com/2025/04/alma-de-agua.html