Esta solidão devassa tudo.
Leio-me a mim mesmo,
num círculo recursivo e infinito.
Se há ou não condição de paragem,
é a questão que endereço às instâncias
do sol e da sombra;
da poeira que me faz espirrar
como se a minha alma vegetal
lançasse pólen sobre outro coral infecundo.
Se há ou não condição de paragem
é a pergunta que fazemos
enquanto esperamos saber
se é o tudo ou o nada, o que nos aguarda.
3 comentários:
Que lindo versar!
Um beijinho!
🌟🌟🌟Megy Maia
Inspiradoras cavilaciones, Poeta!!
Abrazo hasta vos!!
Luís, este poema é um mergulho sereno — e um pouco inquietante — na vastidão da consciência solitária. A imagem de “ler-se a si mesmo” como um ciclo infinito é poderosa e muito real: todos já nos vimos assim, em silêncio, tentando decifrar o próprio eco.
A solidão aqui não é apenas ausência, é lupa. Amplifica pensamentos, poeira, sombras e até espirros com densidade filosófica. E essa pergunta que se repete — se há ou não condição de paragem — atravessa o texto como um sussurro existencial que não se cala.
É um poema que não grita, mas diz muito. E permanece. Bravo.
Abração do amigo
Dan
https://gagopoetico.blogspot.com/2025/04/alma-de-agua.html
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