17/04/2025

Poeira

Ao Daniel Faria, in memoriam 


Se estarei por morrer ou por nascer, só Deus sabe.

Tenho, sim, a sensação de que grão a grão

toda a terra se anima para substituir o pão

pela carne ou vice-versa.


E se um jumento passa

a trote com o rapaz à garupa

levanta-se a poeira dos que partem,

assenta a poeira dos que chegam.


O barro é diferente.

O barro são os que regressam.



3 comentários:

carlos perrotti disse...

Si no existe antes no puede nacer... Los versos ya existen y merodean dentro tuyo por años antes de que les permitas ver la luz.
Inspirador poena, amigo. Te felicito una vez más.

Graça Pires disse...

Deixo-lhe o comentário que já tinha feito para este poema:
Obrigada pelo seu poema tão cheio de simbolismo nesta época de renovação. Sinto que estou entre a poeira dos que partem e dos que chegam e o barro dos que regressam. Esse barro onde foram soprados os sonhos que nos inspiram e nos devolvem a nossa fé já gasta mas sempre pronta a sonhar um sonho novo.
Sonhamos porque não nos basta esta verdade de estarmos vivos e há uma fadiga de tudo que há em nós.
Uma boa semana.
Um beijo.

manuela barroso disse...

A poeira que me compõe tem a mais o barro e os iões onde voa a imaginação onde me perco e me acho .
Um beijo